agradeço

e te desagrado para ainda mais me agradar

desde o dia que você saiu por aquela porta e decidiu enterrar de vez os nossos sonhos, eu te agradeço. gostei de você nunca mais ter voltado e por ter mantido a dignidade de não acender algo que o próprio tempo iria apagar. somos água e vinho. eu o vinho. e desde quando a gente percebeu que sorrisos falsos não sustentam um amor verdadeiro, é preciso ter peito aberto e postura para saber respeitar as distâncias. até as lágrimas ficaram sem gosto. assim como a sua saliva e as lembranças do seu corpo que hoje não passam de rastros que sujaram a minha existência de vazios. mas é essa a grande experiência, de se perceber como solidão rodeada de encontros e de presepadas. eu não queria ser cruel, mas você pediu pelo meu pior. e eu te dei. e eu achei ótimo porque você percebeu que eu não estava aos seus pés. eu te agradeço. e percebo que o carinho que hoje me dou nunca esteve ao seu alcance. não há aprendizado mais potente para seguir adiante admirando cada parte do caminho e cada parte do meu corpo. que está pronto. que aliás, sempre esteve. eu sempre estive pronta.

e por ter percebido isso.

eu apenas:

agradeço.